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A Bela virou Ilha
15 de outubro de 2014
A BELA FLORESTA QUE VIROU ILHA... E SOLTEIRA!
A fundação do povoado de Ilha Solteira data de 15 de outubro de 1968, há 46 anos, para abrigar os trabalhadores da Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira. Em outubro de 1970 a nomenclatura das vias e logradouros da cidade foram estabelecidos de acordo com o mapa do Brasil, onde cada alameda corresponde ao nome de um estado e cada quadra, chamada de "Passeio" recebeu o nome de um município do estado a que se refere à alameda. O núcleo urbano de Ilha Solteira foi construído em terras pertencentes ao município paulista de Pereira Barreto, que, através do convênio celebrado com a CESP em 17 de fevereiro de 1970, autorizado pela Lei Municipal nº 812 de 11 de novembro de 1.969, delegou a AEIS o exercício das atribuições constantes dos artigos 3º e 4º da Lei Orgânica dos Municípios. A Administração Especial de Ilha Solteira (AEIS) definiu-se logo por uma filosofia e uma política de Valorização do Homem, atribuindo grande importância às áreas da Educação e Saúde, por considerá-las básicas para o desenvolvimento econômico e social da cidade, da região e do país.
Os habitantes de Ilha solteira, empregados da CESP, Camargo Correia, Tenenge, ou outras firmas empreiteiras, foram engajados na obra de acordo com seis níveis de qualificação profissional. Assim o nível (1) um, compreendia os operários não especializados como: ajudantes, serventes, vigias, zeladores; os de nível (2) dois englobavam: os carpinteiros, mecânicos, operadores de máquinas, bombeiros, encanadores, e feitores; pertenciam ao nível (3) três: os auxiliares administrativos, os chefes de turma, mestres de obra, montadores, fiscais, laboratoristas. Ao nível (4) quatro pertenciam: os assistentes técnicos, os auxiliares de enfermagem, auxiliares de serviço social, encarregados de operação e de manutenção, inspetores de segurança, inspetores sanitários, professores de ensino primário. Ao nível (5) envolvia o pessoal técnico administrativo, os cargos de chefia, agrimensores, professores de ensino técnico. O nível (6) correspondia: os encarregados gerais que tinham curso superior e todos os profissionais liberais, como os médicos, engenheiros, economistas, advogados, assistentes sociais, orientadores pedagógicos e educacionais, professores do ensino médio.
Essa divisão em níveis determinou o tipo de vida de cada indivíduo, dela decorreu o tipo de casa ou alojamento, os seus vizinhos, o lazer realizado nos clubes que frequentava e também os contatos sociais.
Apesar das restrições que apresentaram e por conservar a característica de acampamento de obra, Ilha Solteira apresentou condições excepcionais de vida principalmente para o pessoal de nível (1) um e (2) dois. As casas com maior conforto do que possivelmente teriam fora daqui. A possibilidade de frequentar clube bem equipado, os salários mais elevados do que na região.
A população recebia uma assistência especial nos assuntos de saneamento e saúde pública: inspeção constante dos gêneros alimentícios nas feiras livres e casas comerciais, verificação diária da água, do leite e da carne distribuídas na cidade. A vacinação era periódica, acompanhamento sistemático do período pré-natal e o primeiro ano de vida da criança, dedetização das casas, etc. Contava ainda com os serviços de uma equipe de assistência social, de segurança e medicina preventiva.
Pesquisas realizadas na época, entre as famílias residentes em Ilha Solteira, revelaram que existia, principalmente entre os níveis sócio profissionais mais baixos, que representavam a maioria da população, um alto índice de satisfação por residirem aqui.
A efervescência cultural sempre esteve presente na vida dos moradores dessa pitoresca cidade. Seus clubes ofereciam diversos serviços aos associados, desde banhos de piscinas para adultos e crianças, saunas e quadras de jogos variados, bailes nos salões sociais e também, shows com artistas de renome nacional e internacional. Muitas foram as discussões sobre sua função a partir do término da construção da usina hidrelétrica. Seria um polo de desenvolvimento ou uma cidade presídio? O que era na realidade Ilha Solteira? Seria fixada como uma cidade agrícola, como cidade industrial, como cidade de economia mista? A própria Diretoria da CESP preocupada com essa questão promoveu seminários para estudo do problema, uma vez que a aceleração da obra evidenciava que estava perto a sua conclusão.
O cronograma era constantemente modificado, acentuando-se o problema de mobilidade de pessoal, com o consequente declínio numérico de mão-de-obra. Na eminência do término das obras, a população e principalmente os comerciantes locais se uniram para encontrar e construir um futuro melhor para a cidade, e conseguiram, passou de Bela Floresta distrito de Pereira Barreto a município de Ilha Solteira em 30 de dezembro de 1991 após muita luta dos ilhenses, mas principalmente dos chamados emancipadores. Em maio de 1987, foi formada a Comissão de Emancipação que começou uma árdua luta em prol da emancipação. O presidente da Comissão, o Sr. Alcídes de Aquino Garcia (o Cidinho da Padaria), tem seu nome registrado na história de Ilha Solteira como o líder do Movimento da Emancipação, juntamente com os demais componentes da comissão: Antônio de Almeida; Antônio Carlos da Silva; Adilson F. do Nascimento; Daniel Yokoyama; Demival Vasques; Francisco Albano Gomes; George Antônio Méllios; Jair Gomes; Karim Miguel (in memóriam); Nelson Cândido (in memóriam); Orides E. Sobrinho; Paulo Rosa; Walmir Geralde; Walmir Garcia Dias. A campanha pela emancipação mobilizou todos os moradores da cidade, havendo calorosas manifestações a respeito: muitos debates, passeatas e outras...Por todos os lugares havia cartazes, faixas, bandeiras, e também nos objetos de uso como canetas, cadernos, caixas de fósforo, lá estavam as palavras motivadoras: “DIGA SIM A EMANCIPAÇÃO DE ILHA SOLTEIRA”. Vários comerciantes engajaram-se nessa campanha, entre eles destaco o Sr. Francisco de Albano Gomes, um dos pioneiros de Ilha Solteira. Foi o primeiro comerciante, sua empresa funcionava onde é hoje a Loja Sovestir. No início de 1990, a Comissão de Emancipação negociou com Pereira Barreto como ficaria a divisão territorial, o que após intensos debates, chegou a um resultado satisfatório. Foi definido o mapa do futuro município juntamente com o mapa de Pereira Barreto. A luta desses emancipadores resultou num plebiscito realizado no dia 26 de agosto de 1990, e o resultado mostrou a união ilhense com quase a totalidade de votos favoráveis à emancipação. E finalmente em 30 de dezembro de 1991, o então Governador do Estado de São Paulo, Dr. Luiz Antônio Fleury Filho, cria o município de Ilha Solteira, sancionando a Lei nº 7.664.
Segundo pesquisa realizada num passado recente, Ilha Solteira era a única cidade em toda a América do Sul com um Professor Doutor para cada 150 habitantes. Em cada 12 ilhenses, um é estudante. Em cada 33, um é praticante de arte. Essa vocação cultural está no seu DNA, uma vez que ao ser gestada, foi com carinho pensada, planejada e construída em forma de instrumento musical. A beleza como elemento estético e ferramenta de trabalho, está “bordada” na tela da vida dos ilhenses através de monumentos históricos, nas suas lendas urbanas (a Velha Barrageira é a principal delas), nos festivais de música, nos seus festejos religiosos e folclóricos e em seu artesanato. Outro aspecto relevante é sua exuberante vegetação, no inverno acontece o espetáculo da “Florada dos Ipês”: primeiro florescem os ipês rosas, seguido dos amarelos e roxos e finalmente dos brancos.
A CESP – Companhia Energética de São Paulo, foi a grande maestrina na constituição dessa sinfonia que é a cidade de Ilha Solteira. Sua história também está repleta de muitas conquistas, superação de obstáculos e registra uma história inovadora no setor elétrico e na engenharia brasileira. Os reservatórios de Ilha Solteira e Três Irmãos são interligados pelo canal de Pereira Barreto, que é navegável. As usinas da CESP são integradas ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e despachadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).[1]
PARABÉNS ILHENSES PELO ANIVERÁRIO DA BELA FLORESTA QUE VIROU ILHA ...E SOLTEIRA
FLORIPES ANTIQUEIRA DA SILVA
Presidente da Comissão e Civismo e Cidadania
Membros: CL José Gomes da Silva, CL Sebastião Junior Franco
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[1] SILVA A. FLORIPES. A História De Superação De Negras E Negros Na Estância Turística De Ilha Solteira/SP